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Conhecimento Científico

Page history last edited by PBworks 17 years, 5 months ago


 

 

O homem é um ser jogado no mundo, condenado a viver a sua existência. Por ser existencial, tem que interpretar a si e ao mundo em que vive, atribuindo-lhes significações. Cria intelectualmente representações significativas da realidade. A essas representações chamamos conhecimento.


Senso Comum

É um conhecimento que está subordinado a um envolvimento afetivo e,emotivo do sujeito que o elabora, permanecendo preso às propriedades individuais de cada coisa ou fenômeno, quase não estabelecendo, em suas interpretações, relações significativas que possam existir entre eles.Essas interpretações do senso comum são predeterminadas pelos interesses, crenças, convicções pessoais e expectativas presentes no sujeito que as elabora.

 

Conhecimento Científico

O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida,mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas e da discussão intersubjetiva.

O que se deve chamar de método científico, portanto, é aquele conjunto de procedimentos não padronizados adotados pelo investigador, orientados por postura e atitudes críticas e adequadas á natureza de cada problema investigado. O que se aceita chamar de método científico é a forma crítica de produzir o conhecimento científico, que consiste na proposição de hipóteses bem fundamentadas e estruturadas em sua coerência teórica( verdade sintática) e na possibilidade de serem submetidas a uma testagem crítica severa( verdade semântica) avaliada pela comunidade científica(verdade pragmática).

 

 

 

Ciência Grega

Conhecida como filosofia da natureza, tinha como única preocupação a busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem. O conhecimento científico era desenvolvido pela filosofia. Os pré-socráticos começaram a substituir a concepção do mundo caótico concebido pela mitologia pela idéia do cosmos.O que são, de que são feitas, como são feitas e de onde vêm as coisas que são percebidas? O método usado pelos filósafos é o da especulação racional. Por julgar que a experiência, que utiliza o testemunho dos sentidos, é fonte de erros, preocuparam-se em elaborar teorias racionais.Segundo eles, os princípios ordenadores da natureza das coisas, por estarem debaixo das aparências, não podiam ser percebidos pelos sentidos, mas apenas pela inteligência. Cabia à inteligência a tarefa de elaboração e esclarecimento da possível ordem que havia por trás da aparente desordem dos fenômenos sensíveis e perceptíveis

 

A Abordagem Platônica

 

Nesse modelo o real não está na empiria, nos fatos e fenômenos percebidos pelos sentidos. O verdadeiro mundo platônico é o das idéias, que contêm os modelos e as essências de como as aparências devem se estruturar.Para Platão(429-348/7 aC), a forma, acessível aos sentidos, apenas nos mostra como as coisas são, mas não o que elas são.Nesta interpretação , de desvalorização dos sentidos, a percepção sensorial apenas tem a função de confundir, de proporcionar as sombras da realidade. O real é o pensado o intuído.

 

Aristóteles(384-322 aC)

 

Discípulo de Platão. Em sua Metafísica, é o primeiro a suprimir o mundo platônico das idéias. Para ele, a ciência é produto de elaboração do entendimento em íntima colaboração com a experiência sensível.De acordo com Aristóteles, no primeiro momento, devia-se iniciar pelo que vinha em primeiro lugar no conhecimento, que seriam os fatos percebidos pelos sentidos.(Nada está no intelecto se antes não passou pelos sentidos) e, depois agrupar as observações, pelo processo de indução, em uma generalização que proporcionasse a forma universal, isto é a substância, a identidade inteligível e real que permaneceria independente das mudanças.

o modelo aristotélico propõe uma ciência( episteme)que produz um conhecimento que pretende ser um fiel espelho da realidade, por estar sustentado no observável e pelo caráter  de necessidade e universalidade. Desenvolve um conhecimento da essências das causas, respondendo às perguntas o que é? e porque é?.

 


 

Na ciência grega não há destaque ao processo de descoberta. Havia um processo de demonstração,de justificação dos princípios universais. Conhecimento científico era o demonstrado como certo e necessário através de argumentos lógicos. A ciência grega era uma ciência do discurso, em que não havia o tratamento do problema que desencadeia a investigação, e sim a demonstração da verdade no plano sintático.Sob esse enfoque é que nasceram e se desenvolveram a física, a biologia, a aritmética, a metafísica, a estética, a política, a lógica, a cosmologia, a antropologia, a medicina e tantas outras ciências.


Ciência Moderna (século XVII até início do século XX)

Esses dois caminhos, o platônico e o aristotélico, depois de coexistirem por mais de 2000 anos, foram atacados a partir do século XV e, principamente, no século XVII, durante o Renascimento, pela revolução científica moderna, que introduz a experimentação científica, modificando radicalmente a compreensão e concepção teórica do mundo, da ciência, de verdade, de conhecimento e método.A Partir do século XIII, por influência do uso da matemática, da observação e da experimentação na tecnologia latente na idade Média, que a exigência de métodos precisos de investigação e explicação no campo das ciências naturais conduziram à tentativa de usos de métodos matemáticos e experimentais. Opondo-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso que imperava na época, os renascentistas, principalmente Galileu (1564-1642) e Bacon (1561-1626),rejeitaram o modelo aristotélico. Bacon propôs a necessidade de se inventar um novo instrumento, um método de investigação. Para isso seriam necessárias a observação sistemática e a experiência dos fenômenos e fatos naturais.Cabia a experiência confirmar a verdade.Propôs um método que chamou interpretação da natureza. Seu princípio fundamental afirmava que o homem deveria libertar seu intelecto dos pré-conceitos, que impediam a correta visão das formas (leis) que organizavam a natureza. Livre da visão distorcida da realidade, poderia dedicar-se exaustiva, metódica e sistematicamente à observação dos fenômenos.

Esse método se tornou conhecido como método científico e deveria ser utilizado para se atingir um conhecimento científico. O método científico deveria seguir os seguinte passos:

Experimentação

Formulação de Hipóteses

Repetição da experimentação por outros cientistas

Repetição do experimento para testagem das hipóteses

Formulação das generalizações e leis.

Galileu

Galileu trilhou um caminho diferente do de Bacon. A certeza da validação da explicação não poderia ser fornecida através da simples demonstração, utilizando argumentos lógicos, de acordo com o modelo aristotélico, mas pelas provas construídas e elaboradas de forma matemática com as evidências quantitativas dos fatos produzidos pela experimentação. Galileu foi o responsável pela chamada revolução científica moderna, a introduzir a matemática e a geometria como linguagens da ciência e o teste quantitativo experimental das suposições teóricas, mudando radicalmente a forma de produzir e justificar o conhecimento científico. Método quantitativo experimental. Inicia-se um novo paradigma que culminaria com o sucesso da física newtoniana. Com esse procedimento, Galileu estabeleceu o domínio do diálogo científico, o diálogo experimental, que era o diálogo entre o homem e a natureza. Ao homem competiria com sua razão teorizar e construir a interpretação matemática do real, e à natureza caberia responder se concordava ou não com o modelo sugerido.

 

O Método Indutivo e o Surgimento do Positivismo.

O homem começa a trabalhar tendo como modelo de acesso à realidade o procedimento do experimento científico, esse procedimento estipula quando o homem acessa plenamente a realidade, a tal ponto de dizer e descrever com exatidão quantitativa como é que ela funciona e como ela se relaciona: se o acesso é verdadeiro, ou quando não a acessa plenamente, se o acesso fornece uma imagem falsa. Esse procedimento passou a se chamar método científico. Newton, dando uma intrepretação diferente da de Galileu, se recusava a admitir que trabalhava com hipóteses aprioristas, em física toda proposição deveria ser tirada dos fenômenos pela observação e generalizada por indução. Esse seria o método ideal ou experimental, através do qual se poderia submeter à prova, uma a uma, as hipóteses científicas. À ciência caberia aceitar apenas as que evidenciassem a certeza confirmada pelas provas empíricas produzidas pelo método experimental. O método científico se constituía de:

Observação dos elementos

Análise da relação quantitativa existente

Indução de hipóteses quantitativas

Teste experimental das hipóteses

Generalização dos resultados em lei

De acordo com esse modelo, o sujeito do conhecimento deveria ter a mente limpa, livre de preconceitos, para que recebesse e se impregnasse das impressões sensoriais recebidas pelos canais da percepção sensorial. As hipóteses seriam decorrentes do processo indutivo, da meticulosa observação das relações quantitativas existentes entre os fatos, e o conhecimento científico seria formado pelas certezas comprovadas pelas evidências experimentais de alguns casos analisados.

Essa pregação positivista foi considerada como o ideal do conhecimento. Nas ciências conhecer significava experimentar, medir e comprovar.


Pierre Duhem (1861 - 1916). Foi um dos primeiros a denunciar o dogmatismo e a certeza da ciência. Para ele, o cientista constrói instrumentos, ferramentas, suas teorias, para se apropriar da realidade, estabelecendo com ela um diálogo permanente. A aceitação da validade dos instrumentos de observação e quantificação, a seleção das observações de manifestações empíricas e sua interpretação, depende da aceitação da validade ou não dessas teorias. Dessa forma, Duhem desmistifica o positivismo, calcado no empirismo e na indução do método newtoniano.

No início do século XX, principalmente com o advento da mecânica quântica, e com Einstein, com suas teorias da relatividade, damos início à ciência contemporânea.Com Einstein e tantos outros, quebrou-se o mito da objetividade pura, isenta de influências das idéias pessoais dos pesquisadores. Demonstrou-se que, mais que uma simples descrição da realidade, a ciência é a proposta de uma intrepretação.

O cientista se aproxima mais do artista que do fotógrafo. O uso do método experimental indutivo cai por terra. E uma nova pergunta se coloca: que critério utilizar para demarcar e distinguir a ciência de outras formas de conhecer? É possível ter um procedimento padrão, um método científico para fazer ciência?

No início do século XX, as idéias de Einstein e Popper revolucionaram a concepção de ciência e de método científico. O dogmatismo que tomou conta da ciência principalmente, ao final do século passado foi minado em suas bases, cedendo seu lugar a atitude crítica. A partir de então desmistificou-se a concepção de que método científico é um procedimento regulado por normas rígidas que prescrevem os passos que o investigador deve seguir para a produção do conhecimento científico.

Não existe um modelo com normas prontas, definitivas pelo simples fato que a investigação deve orientar-se de acordo com as características do problema a ser investigado, das hipóteses formuladas, das condições conjunturais e da habilidade crítica e capacidade criativa do investigador. Praticamente, há tantos métodos quantos forem os problemas analisados e os investigadores existentes.


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